Clarice Lispector diz:


O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
Clarice Lispector

terça-feira, 17 de abril de 2012

Entre e Espada e a Rosa – Marina Colasanti




Qual é a hora de casar, senão aquela em que o coração diz "quero"? A hora que o pai escolhe. Isso descobriu a Princesa na tarde em que o Rei mandou chamá-la e, sem rodeios, lhe disse que, tendo decidido fazer aliança com o povo das fronteiras do Norte, prometera dá-la em casamento ao seu chefe. Se era velho e feio, que importância tinha frente aos soldados que traria para o reino, às ovelhas que poria nos pastos e às moedas que despejaria nos cofres? Estivesse pronta, pois breve o noivo viria buscá-la.
De volta ao quarto, a Princesa chorou mais lágrimas do que acreditava ter para chorar. Embotada na cama, aos soluços, implorou ao seu corpo, a sua mente, que lhe fizesse achar uma solução para escapar da decisão do pai. Afinal, esgotada, adormeceu.
E na noite sua mente ordenou, e no escuro seu corpo ficou. E ao acordar de manhã, os olhos ainda ardendo de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. Com quanto medo correu ao espelho! Com quanto espanto viu cachos ruivos rodeando-lhe o queixo! Não podia acreditar, mas era verdade. Em seu rosto, uma barba havia crescido.
Passou os dedos lentamente entre os fios sedosos. E já estendia a mão procurando a tesoura, quando afinal compreendeu. Aquela era a sua resposta. Podia vir o noivo buscá-la. Podia vir com seus soldados, suas ovelhas e suas moedas. Mas, quando a visse, não mais a quereria. Nem ele nem qualquer outro escolhido pelo Rei.
Salva a filha, perdia-se, porém a aliança do pai. Que tomado de horror e fúria diante da jovem barbada, e alegando a vergonha que cairia sobre seu reino diante de tal estranheza, ordenou-lhe abandonar o palácio imediatamente.
A Princesa fez uma trouxa pequena com suas jóias, escolheu um vestido de veludo cor de sangue. E, sem despedidas, atravessou a ponte levadiça, passando para o outro lado do fosso. Atrás ficava tudo o que havia sido seu, adiante estava aquilo que não conhecia.
Na primeira aldeia aonde chegou, depois de muito caminhar, ofereceu-se de casa em casa para fazer serviços de mulher. Porém ninguém quis aceitá-la porque, com aquela barba, parecia-lhes evidente que fosse homem.
Na segunda aldeia, esperando ter mais sorte, ofereceu-se para fazer serviços de homem. E novamente ninguém quis aceitá-la porque, com aquele corpo, tinham certeza de que era mulher.
Cansada mas ainda esperançosa, ao ver de longe as casas da terceira aldeia, a Princesa pediu uma faca emprestada a um pastor, e raspou a barba. Porém, antes mesmo de chegar, a barba havia crescido outra vez, mais cacheada, brilhante e rubra do que antes.
Então, sem mais nada pedir, a Princesa vendeu suas jóias para um armeiro, em troca de uma couraça, uma espada e um elmo. E, tirando do dedo o anel que havia sido de sua mãe, vendeu-o para um mercador, em troca de um cavalo.
Agora, debaixo da couraça, ninguém veria seu corpo, debaixo do elmo, ninguém veria sua barba. Montada a cavalo, espada em punho, não seria mais homem, nem mulher. Seria guerreiro.
E guerreiro valente tornou-se, à medida que servia aos Senhores dos castelos e aprendia a manejar as armas. Em breve, não havia quem a superasse nos torneios, nem a vencesse nas batalhas. A fama da sua coragem espalhava-se por toda parte e a precedia. Já ninguém recusava seus serviços. A couraça falava mais que o nome.
Pouco se demorava em cada lugar. Lutava cumprindo seu trato e seu dever, batia-se com lealdade pelo Senhor. Porém suas vitórias atraíam os olhares da corte, e cedo os murmúrios começavam a percorrer os corredores. Quem era aquele cavaleiro, ousado e gentil, que nunca tirava os trajes de batalha? Por que não participava das festas, nem cantava para as damas? Quando as perguntas se faziam em voz alta, ela sabia que era chegada a hora de partir. E ao amanhecer montava seu cavalo, deixava o castelo, sem romper o mistério com que havia chegado.
Somente sozinha, cavalgando no campo, ousava levantar a viseira para que o vento lhe refrescasse o rosto acariciando os cachos rubros. Mas tornava a baixá-la, tão logo via tremular na distância as bandeiras de algum torreão.
Assim, de castelo em castelo, havia chegado àquele governado por um jovem Rei. E fazia algum tempo que ali estava.
Desde o dia em que a vira, parada diante do grande portão, cabeça erguida, oferecendo sua espada, ele havia demonstrado preferi-la aos outros guerreiros. Era a seu lado que a queria nas batalhas, era ela que chamava para os exercícios na sala de armas, era ela sua companhia preferida, seu melhor conselheiro. Com o tempo, mais de uma vez, um havia salvo a vida do outro. E parecia natural, como o fluir dos dias, que suas vidas transcorressem juntas.
Companheiro nas lutas e nas caçadas, inquietava-se, porém o Rei vendo que seu amigo mais fiel jamais tirava o elmo. E mais ainda inquietava-se, ao sentir crescer dentro de si um sentimento novo, diferente de todos, devoção mais funda por aquele amigo do que um homem sente por um homem. Pois não podia saber que à noite, trancado o quarto, a princesa encostava seu escudo na parede, vestia o vestido de veludo vermelho, soltava os cabelos, e diante do seu reflexo no metal polido, suspirava longamente pensando nele.
Muitos dias se passaram em que, tentando fugir do que sentia, o Rei evitava vê-la. E outros tantos em que, percebendo que isso não a afastava da sua lembrança, mandava chamá-la, para arrepender-se em seguida e pedia-lhe que se fosse.
Por fim, como nada disso acalmasse seu tormento, ordenou que viesse ter com ele. E, em voz áspera, lhe disse que há muito tempo tolerava ter a seu lado um cavaleiro de rosto sempre encoberto. Mas que não podia mais confiar em alguém que se escondia atrás do ferro. Tirasse o elmo, mostrasse o rosto. Ou teria cinco dias para deixar o castelo.
Sem resposta, ou gesto, a Princesa deixou o salão, refugiando-se no seu quarto. Nunca o Rei poderia amá-la, com sua barba ruiva. Nem mais a quereria como guerreiro, com seu corpo de mulher. Chorou todas as lágrimas que ainda tinha para chorar. Dobrada sobre si mesma, aos soluços, implorou ao seu corpo que lhe desse uma solução. Afinal, esgotada, adormeceu.
E na noite sua mente ordenou, e no escuro seu corpo brotou. E ao acordar de manhã, com os olhos inchados de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. Não ousou levar as mãos ao rosto. Com medo, quanto medo! Aproximou-se do escudo polido, procurou seu reflexo. E com espanto, quanto espanto! Viu que, sim, a barba havia desaparecido. Mas em seu lugar, rubras como os cachos, rosas lhe rodeavam o queixo.
Naquele dia não ousou sair do quarto, para não ser denunciada pelo perfume, tão intenso, que ela própria sentia-se embriagar de primavera. E perguntava-se de que adiantava ter trocado a barba por flores, quando, olhando no escudo com atenção, pareceu-lhe que algumas rosas perdiam o viço vermelho, fazendo-se mais escuras que o vinho. De fato, ao amanhecer, havia pétalas no seu travesseiro.
Uma após a outra, as rosas murcharam, despetalando-se lentamente. Sem que nenhum botão viesse substituir as flores que se iam. Aos poucos, a rósea pele aparecia. Até que não houve mais flor alguma. Só um delicado rosto de mulher.
Era chegado o quinto dia. A Princesa soltou os cabelos, trajou seu vestido cor de sangue. E, arrastando a cauda de veludo, desceu as escadarias que a levariam até o Rei, enquanto um perfume de rosas se espalhava no castelo.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Janelas da Felicidade




Quando eu contava com 4 anos, eu morava em Los Angeles, na Califórnia. A minha casa era muito bonita, uma casa ampla num imenso jardim. Certo dia de primavera, eu cheguei à janela e olhei no jardim. Meus dois irmãos estavam chorando porque a cadela chiuaua havia morrido. Eu detestava aquele animal, que me arranhava, que me latia. Mas, porque os meus irmãos estavam chorando eu fiquei comovida. Solidária, chorei com eles. Quando eu estava chorando, meu avô chegou perto de mim e perguntou:
  • Rute, por que você está chorando?
  • Eu expliquei. Então ele me disse : - Saia dessa janela e venha comigo. Atravesse a sala. Olhe aqui a outra janela. Olhe pro jardim. Lembra-se da roseira que nós plantamos?
  • Sim, vovô!
  • Veja como está rica de botões, com algumas rosas abrindo.
  • É verdade avozinho.
Ele saltou-se da janela e eu também. Corremos na direção da roseira e ele colocou uma rosa no meu nariz e disse:
  • Aspire o perfume. Eu aspirei. Ele perguntou: - Está contente?
  • Sim. Falei sorrindo.
  • Voltemos a sala. Me pediu.
E quando ficamos no centro da sala, ele disse que iria me dar um conselho:
  • Na vida de todos nós, há sempre duas janela abertas. Uma que olha para a tristeza, para o sofrimento e outra que olha para a alegria, para a felicidade. A verdadeira sabedoria consiste em quando estiver na janela da tristeza, lembrar-se que atrás está aberta a janela da felicidade. Saia e vá para ela. E quando estiver lá, lembre-se de que atrás de você alguém está chorando ou sofrendo. Saia e reparta. Distribua sol. A vida é um poema de felicidade”. Eu nunca me esqueci.

 
Extraído do o livro “Eu me amo. Eu Não tenho vícios.” - Ferramentas espirituais contra os vícios. do Divaldo Franco. (o livro é uma transcrição de um seminário realizado em Baltimore, Maryland , EUA, em 2005). Neste livro, Divaldo relata uma mensagem que educadora e escritora americana Rute Stout, deu a alguns jovens.
Achei muito bonita, então digitei e resolvi dividir com vocês. Espero que gostem.

sábado, 14 de abril de 2012

Sonhe


Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Minha Grande Paixão



Aconteceu num mês de Julho, no litoral nordestino. Já no primeiro dia de férias, o sol ardia escaldante em minha pele e foi ali, caminhando na areia que encontrei minha grande paixão.
Fiquei parada por alguns minutos fascinada admirando toda aquela beleza. Depois fui me aproximando lentamente como se estivesse em transe. Ele veio ao meu encontro e molhou minhas pernas, sorri e começamos a brincar. Eu não parava de sorrir, parecia uma criança inocente que descobrira o mundo. Estava maravilhada! Como ele era bonito, grande e intrigante! Como era linda e suave a música que ele entoava! Sentia uma felicidade indescritível. Em meu íntimo, eu sabia que tinha me apaixonado perdidamente.
Passei o dia inteiro ao seu lado brincando, flertando e simplesmente sentindo o seu perfume que a brisa carregava. Às vezes me distanciava para tomar um pouco de sol e então ele continuava brincando ora com as crianças ora com os adultos. Percebi que existia algum magnetismo nele, pois todos estavam sempre ao seu lado sorrindo ou brincando.
No fim da tarde permaneci um bom tempo em seus braços para me despedir. Fiz promessas de que voltaria. E foi assim, durante os 15 dias que passei naquele lugar houve um ritual entre nós; eu chegava, ele beijava os meus pés e eu caia em seus braços, depois ficávamos brincando, caminhando na areia, tomando água de coco, assistindo o pôr-do-sol. À noite, adormecia escutando sua canção e sentindo seus braços me embalando como uma criança.
O dia da minha partida chegou com lamentos, o coração angustiado apertava em meu peito. Passamos o dia inteiro juntos, fizemos as mesmas coisas. No fim da tarde, demorei naquele abraço morno, depois me distanciei acenando num adeus mudo. Tristeza e alegria misturavam dentro de mim. Não chorei! Fui embora com muita saudade e com a certeza de que voltaria sempre para o meu grande amor: o meu querido mar .


Joelma

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Medida de Significação



Procurei-me nesta água da minha memória
que povoa todas as distâncias da vida
e onde, como nos campos, se podia semear, talvez,
tanta imagem capaz de ficar florindo...

Procurei minha forma entre os aspectos das ondas,
para sentir, na noite, o aroma da minha duração.

Compreendo que, da fronte aos pés, sou de ausência absoluta:
desapareci como aquele — no entanto, árduo — ritmo
que, sobre fingidos caminhos,
sustentou a minha passagem desejosa.

Acabei-me como a luz fugitiva
que queimou sua própria atitude
segundo a tendência do meu pensamento transformável.

Desde agora, saberei que sou sem rastros.

Esta água da minha memória reune os sulcos feridos:
as sombras efêmeras afogam-se na conjunção das ondas.

E aquilo que restaria eternamente
é tão da côr destas águas,
é tão do tamanho do tempo,
é tão edificado de silêncios
que, refletido aqui,
permanece inefável.


II

Voz obstinada, por que insistes chamando
por um nome que não corresponde mais a mim?
Não é do meu propósito que fiques ao longe sozinha.

Nem tu sabes que espécie de saudade abrolha na noite
e como o silêncio tenta mover-se inutilmente,
quando diriges teus ímãs sonoros,
sondando direções!
Não é do meu propósito, ó voz obstinada,
mas da minha condição.

As aparências dispersaram-se de mim,
como pássaros:
que sol se pode fixar nesta existência,
para te definir a minha aproximação?

Minhas dimensões se aboliram nos limites visíveis:
como podes saber onde me circunscrevo,
e de que modo me pode o teu desejo atingir?

Eu mesma deixei de entender a minha substância;
tenho apenas o sentimento dos mistérios que em mim se equilibram.

Como podes chamar por mim como às coisas concretas,
e assegurar-me que sou tua Necessidade e teu Bem?


III

Pela experiência do teu contentamento,
crio formas que vistam meus pensamentos irreveláveis,
e modelo fisionomias com que te possa aparecer.

Pisarei minha solidão com renúncia e alegria
e, por entre caminhos assombrados,
resoluta virei até onde te encontres,
cortando as sombras que crescem como florestas.

Eu mesma me sentirei alucinada e esquisita,
com êsse alento das nebulosas sinistras
que se desenvolvem nas febres.

Não saberei precisamente quando me verás,
nem si compreenderei a linguagem que falas,
e os nomes que teem as tuas realidades
e o tempo dos outros acontecimentos...

Mas o que, desde agora, sinto e sei com firmeza
é que tua voz continuará chamando por mim, obstinada,
embora eu não possa estar mais perto nem mais viva,
e se tenha acabado o caminho que existe entre nós,
e eu não possa prosseguir mais...


IV

A água da minha memória devora todos os reflexos.
Desfizeram-se, por isso, tôdas as minhas presenças
e sempre se continuarão a desfazer.

É inútil o meu esforço de conservar-me;
todos os dias sou meu completo desmoronamento:
e assisto à decadência de tudo,
nestes espelhos sem reprodução.

Voz obstinada que estás ao longe chamando-me,
conduze-te a mim, para compreenderes minha ausência.
Traze de longe os teus atributos de amargura e de sonho,
para veres o que dêles resta
depois que chegarem a êstes ermos domínios
onde figuras e horas se decompõem.

Não precisaremos falar mais nem sentir:
seremos só de afinidades: morrerão as alegorias.
E saberás distinguir as coisas que perecem desoladas,
olhando para esta água interminável e muda,
que não floriu, que não palpitou, que não produziu,
de tanto ser puramente imortal...


 Cecília Meireles
In Viagem, 1939



A BORBOLETA E O CASULO



Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo, um homem sentou e observou a borboleta por várias horas conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então pareceu que ela parou de fazer qualquer progresso.
Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia ir mais longe.
O homem decidiu ajudar a borboleta.

Pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo.
A borboleta saiu facilmente, mas seu corpo estava murcho e tinha as asas amassadas.
O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo.
Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar.
O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço
necessário para a borboleta passar através da pequena abertura eram o modo com que Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.

Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida.
Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados.
Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido.
Nós nunca poderíamos voar.

Eu pedi força...   E Deus me deu dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi sabedoria...E Deus me deu problemas para resolver.
Eu pedi prosperidade...E Deus me deu cérebro e músculos para trabalhar.
Eu pedi coragem...E Deus me deu perigo para superar.
Eu pedi amor...E Deus me deu pessoas com problemas para ajudar.
Eu pedi favores...E Deus me deu oportunidades.

Eu não recebi nada do que pedi...
Mas eu recebi tudo de que precisava.

O Pacote de Biscoitos


Marina estava à espera de seu vôo, na sala de embarque de um aeroporto. Como iria esperar muito, resolveu comprar um livro e também um pacote de biscoitos. Depois, se sentou numa poltrona para descansar e ler em paz. Ao seu lado se sentou um homem.
Quando Marina pegou o primeiro biscoito do pacote, o homem também pegou um. Ela ficou irritada, mas não disse nada, apenas pensou:
- “Mas que homem abusado!”
Cada biscoito que Marina pegava, o homem pegava um também, e isso estava deixando a moça revoltada. Quando restava apenas um biscoito ela pensou:
- "O que será que este abusado vai fazer agora?"
O homem calmamente pegou o último biscoito e o partiu ao meio, deixando a outra metade para ela.
- “Ah, isso já é demais!” - Pensou Marina.
Revoltada, pegou suas coisas, e foi para o local de embarque. Mas antes, olhando para o homem, disse com ironia:
- Mas você é muito cara-de-pau mesmo, heim? – Em seguida, saiu sem olhar para trás, e nem esperou resposta.
Quando Marina já estava dentro do avião, abriu a bolsa e viu, surpresa, o seu pacote de biscoitos fechadinho. Ela tinha se esquecido disso. Só então percebeu que a errada era ela, sempre distraída: Arrependida, pensou:
- “Essa não! Cometi um grande erro! Aquele homem dividiu os biscoitos dele comigo, sem ficar revoltado ou nervoso, enquanto eu, fiquei transtornada, pensando estar dividindo os meus biscoitos com ele. Que injusta eu fui!”
Em seguida, procurou o homem para pedir desculpas. Porém, já não havia mais tempo, pois ele tinha partido.

LIÇÃO DE VIDA:
Quantas vezes em nossa vida, nós é que estamos comendo os biscoitos dos outros, mas não temos a consciência disso?
Antes de tirar qualquer conclusão, observe melhor. Talvez as coisas não sejam exatamente como você pensa.


(Desconheço o autor)

Torradas Queimadas


"Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro. 
Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola. 
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado. 
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse: 
" - Amor, eu adoro torrada queimada..." 
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse: 
" - Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro!" 
O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. 
Essa é a minha oração para você, hoje. Que possa aprender a levar o bem ou o mal colocando-as aos pés do Espírito Santo. Porque afinal, ele é o único que poderá lhe dar uma relação na qual uma torrada queimada não seja um evento destruidor." 
De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos e com amigos. 
Não ponha a chave de sua felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio. Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração dele; você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua. 
As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse. Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as fez se sentir." 

(Autor desconhecido)

Fina Presença



''A grande maioria das pessoas passa toda a vida sem ter a mínima idéia de quem são de fato, do que as compõe, sem se olhar com cuidado.
Quando falamos sobre os nossos segredos, medos e dores exterminamos vários fantasmas. Quando damos nome a uma dor estamos prontos a escutá-la, trabalhá-la e superá-la.
Quando falamos sobre as nossas dificuldades pessoais vencemos barreiras e nos libertamos de prisões emocionais.
Encare os seus fantasmas, fale sobre eles, dê nomes e eles logo desaparecerão.
Admita, assuma com firmeza, deixe fluir o que há em você. Dê espaço para o que é bom chegar.
Escolha ser leve, escolha viver na verdade. Com o tempo se pega o jeito, com o tempo se toma gosto. A vida deve ser um prazer, mas se deve aprender a vivê-la.
A psicoterapia te possibilita ter nas mãos uma lente de aumento para enxergar a vida e as relações, é um mergulho na realidade.
A escolha do autoconhecimento é um pacto de crescimento. Nada pode nos levar para trás quando firmes escolhemos andar avante.''

 Cintia Liana (psicóloga/terapeuta)

Bondade também se aprende

 
 
 
"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha.
Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e  isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.
Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos.
Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de  mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
 
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende."
 
CORA CORALINA
 
A poetisa que também ensina... 
 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Oração Nossa





Senhor

Ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho.
A dar sem olhar a quem.
A servir sem perguntar até quando.
A sofrer sem magoar seja quem for.
A progredir sem perder a simplicidade.
A semear o bem sem pensar nos resultados.
A desculpar sem condições.
A marchar para frente sem contar os obstáculos.
A ver sem malícia.
A escutar sem corromper as ações.
A falar sem ferir.
A compreender o próximo sem exigir entendimento.
A respeitar o semelhante sem reclamar consideração.
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxa de reconhecimento.

Senhor,

Fortaleça em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com nossas próprias dificuldades.
Ajudai-nos, para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós.
Auxilia-nos sobretudo a reconhecer que a nossa felicidade mais alta, será invariavelmente aquela de cumprir-te os desígnios, onde e como queiras, hoje, agora e sempre.


Chico Xavier